Outro dia ouvi esta história que me ensinou muito.
Era fim de tarde. Um sábado normal. Meu amigo estava molhando o jardim da sua casa, quando viu um garoto parado junto à cerca, olhando com atenção. O homem aproximou-se do garoto para saber o que desejava.
- Tem um pedaço de pão velho? - perguntou. A maioria das pessoas se incomoda muito quando alguém pede alguma coisa, seja na porta de casa, seja na rua. De fato, nunca sabemos se quem está pedindo realmente necessita de ajuda. Mas nesse dia a reação de meu amigo foi diferente.
Talvez a idade lhe ensinou a agir com mais serenidade, ou talvez tenha se impressionado com a simplicidade do garoto que não falou nada além daquele "tem um pão velho?". De qualquer modo, o velho homem sentiu-se tocado e resolveu puxar assunto com o menino.
- Onde você mora? - começou.
Ouviu a resposta, um lugar bem longe, na periferia. Conhecia o nome, mas jamais estivera por lá. Continuou:
- Você vai à escola?
- Não, minha mãe não pode comprar o material de que preciso - respondeu.
Assim a conversa prosseguiu. Comovido pela vida sofrida do garoto, meu amigo resolveu ajudar. Depois de alguns minutos de conversa, perguntou se ele gostaria de mais alguma coisa além do pão. Imediatamente o garoto respondeu:
- Não preciso, não! O senhor já me deu bastante: conversou comigo.
Reflita:
É impressionante como o sofrimento destrói os sonhos. Como a vida dura tira de uma ingênua criança seus direitos básicos, que são a alegria, a esperança, a saciedade, o carinho.
Muitas crianças estão na mesma situação de carência afetiva. Muitos adultos também, embora não queiram demonstrar isso. O mundo egocêntrico e individualista no qual vivemos conduz a isso. Não temos tempo para ouvir o irmão. Não temos tempo para demonstrar nosso carinho, para dar atenção às pessoas que conhecemos, muito menos às pessoas que vivem na rua ou que não fazem parte do nosso círculo.